Entro
naquilo que fora se chama por dentro
buscando o caminho que ha de ir dar ao centro
deixando as saudades e o medo la fora
e agora
que vejo que faco
que passo eu nao vou dar em falso
ate ao que se chama chegada
porque e tudo e quase nada
Sinto
que a cabeca e quase como um labirinto
em que cada rua tem um nome indistinto
em que cada escolha e feita sobre a hora
e agora
que sigo que temo
que rumo
eu tacteio e presumo
ate ao que se chama chegada
porque e tudo e quase nada
E no centro do centro
esta o centro da vida
como se fosse por isso
que eu me morro e me perco
e que so dou por isso
quando renasco outra vez
e a vez
sei que hei de ser vivo
e a vez
sei que hei de ser vivo
e a vez
sei que hei de ser vivo
e a vez
sei que hei de ser vivo
E furo
sem saber por onde encontro o que procuro
e a luz que era a luz e agora um rio escuro
e dou me a torrente e o corpo desarvora
e agora
que agarro que agito
que grito
eu nao vou dar aflito
ate ao que se chama chegada
porque e tudo e quase nada
E perto
do centro de mim ha um portao entreaberto
e tenho p'la frente o monstro a descoberto
a fera que eu guardo e guarda o que em mim mora
e agora
que encaro que enfrento
que alento
me empurra p'ro centro
ate ao que se chama chegada
porque e tudo e quase nada
E no centro do centroetc
E travo
a luta que travaria quem foi escravo
e so pelo amor a liberdade e um bravo
e lanca o pavor a fera que o apavora
e agora
que ataco que ouso
que pouso
eu persigo teimoso
ate ao que se chama chegada
Porque e tudo e quase nada
E chego
enfim para la da paz e do sossego
onde so tem nome a perda e o desapego
que nao ha mais a perder e a atirar fora
e agora
que aprendo que encontro
em que ponto
eu me vejo por dentro
e que e o que se chama chegada
por que e tudo e quase nada
E no centro do centro
esta o centro da vida
como se fosse por isso
quando renasco outra vez
e a vez
sei que hei de ser vivo
e a vez
sei que hei de ser morto
e a vez
sei que hei de ser vivo
e a vez